terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Oração

Perdoa-me Senhor e livra-me do laço do caçador.

Perdoa-me! Sei que não há nada mais

Importante que o teu amor.

Eu me perdi, meus bens gastei,

Me arrependi, e humilhado voltei.

Te peço perdão, pois teus conselhos não segui.

Me veio o tormento, o frio, a solidão, migalhas comi...

E por quantas vezes cheguei a mendigar o pão.

Perdão Senhor, aqui estou!

Dá-me um coração quebrantado,

Um espírito contrito, sempre pronto a ti ouvir...

E que em momento algum

Não mais eu volte a duvidar de ti.

Perdão Senhor, aqui estou!

Pronto pra te servir e te amar.

Em teus braços quero sempre está.

Espera II

Esperando-te com suspiros de saudade,

Sonhei contigo à beira do caminho,

Regressando arrependida, e entre soluços

Tuas lágrimas regavam a terra árida.

Teus passos faziam uma trilha,

E o vento apagava tuas pegadas.

Pequenas ilhas se formavam ao redor dos teus sonhos.

Cada sonho era como um continente, cada ilha uma prisão.

Escolheste então ser exilada na ilha do meu coração.

Sofres resignadamente, sofro desesperadamente.

Teu corpo, tua alma ainda incendeia de paixão.

Em tua cama agora vazia jaz o calor dos meus desejos.

Sei que um dia em teus lençóis umedecidos de saudade,

Desejará novamente meu amor como a corça anseia por água.

Não há como esquecer tão intenso, puro e verdadeiro sentimento.

Suplico-te compaixão, para que meus versos não sejam um eterno lamento.

Foges de mim, como se pudésseis fugir da tua própria sombra.

Como pode tão lindo amor ser atirado no mar do esquecimento?

É teu meu coração, são tuas as chaves da minha prisão.

Não sou dono da tua alma, mas guardo os teus segredos.

Sou a razão dos teus sonhos, sou a origem dos teus medos.

Não te importas se te espero, se te amo, se te quero?

Saibas que já não vivo! Só ao teu lado minha vida tem sentido.

Se tens as chaves das minhas cadeias, liberta-me, ama-me!

Livra-me desse tormento!

Vivo a te esperar, pensando em ti a toda hora,

A todo instante, a todo o momento.

Fera ferida

Tua hostilidade, tua indiferença

São como punhaladas traiçoeiras,

Geram em mim versos tristes,

Sombrios, incertos, confusos.

Não mais sonhei, não mais sorri.

A mágoa envelheceu minha tez,

Emudeceu meus sentimentos,

Meu coração solitário,

Vagueia como um náufrago num mar morto.

Coração vazio, sem fé, oprimido pela dor da rejeição,

Nutrido de um rancor que transtorna meu ser...

Faz-me pensar que amei em vão,

Que sofri em vão, Que sonhei em vão,

E em vão foram todos meus poemas de amor.

Não buscarei conforto em outros braços,

Clamo a Deus: Afastai de mim Senhor

O cálice da paixão! Para que eu não comungue

Do pão da traição...

Sou fera ferida, no combate abatido.

Perdido em labirintos,

Tentando encontrar a saída.

Fugir pra onde?Chorar pra que?

Sem teu perdão, seu tem amor,

Morrerei tentando te entender.

Farei da solidão companheira minha,

Até teus olhos se voltarem novamente para mim,

Até que a Misericórdia divina

Transforme nosso amor numa história sem fim.